Arrependimento. Quem nunca pensou como seria a sua vida se em determinado momento tivesse feito outra escolha? As decisões que tomados são diárias e muitas. A repercussão disso é infinita.
A vontade de viver uma outra realidade serve de ponto de partida para a trama de Dark Matter, série criada por Blake Crouch com base no livro escrito por ele. Aqui, conforme o autor, há uma expansão do universo literário — e quem ganha bom destaque é Amanda Lucas, personagem interpretada pela atriz brasileira Alice Braga.
É tão lindo ver Braga brilhando em Hollywood. Ela, que já protagonizou a série Queen of the South durante cinco temporadas, tem atuado em muitas produções de grande visibilidade. O sucesso não é por menos: ela é talentosa.
Seu sorriso é inebriante e faz com que o público de Dark Matter facilmente se apaixone por Amanda. Seu inglês é tão afinado que parece até desnecessário a personagem ter passado tantos anos em São Paulo — óbvio que alguns diálogos em português aqui e ali são bacanas.
Além de Braga, ainda temos as presenças de peso de Jennifer Connelly e Joel Edgerton na atração, que acerta muito sempre que foca nas emoções humanas.
A série é uma boa dica para quem gosta de ficção científica, com ênfase em multiverso. Todavia, vale frisar que o apreço que o criador tem pelas emoções é muito superior ao tempo gasto nas leis que regem tal universo.
Se você apenas aceitar as respostas dadas e não problematizar muito, amará a série. Se começar a tentar entender melhor os mecanismos da viagem para realidades paralelas, ficará com uma pontada de decepção — siga lendo o texto apenas se não se importar com spoilers ou já assistiu aos 9 episódios.
A caixa que permite o isolamento necessário, por exemplo, parece surgir nos mundos apenas quando se viaja até ele, tendo em vista que num cenário de inundação ela começou a afundar após os personagens chegarem ali. Entretanto, a caixa permanece naquele mundo, mesmo após as pessoas a deixaram e o efeito da droga passar. Parece um absurdo que a caixa apareça no meio de uma rodovia movimentada ou de outro ponto com transeuntes e ninguém dê bola para isso.
Também temos a questão de que após Jason 2 (Edgerton) tomar o lugar de Jason 1, o número de possibilidades para o mundo em que vivem Daniella (Connelly) e Charlie (Oakes Fegley) é infinito. Logo, por que tantos Jasons 1 vão para o mesmo mundo, sendo que o mundo do qual eles foram retirados não é mais só um, mas muitos?
Certamente vários Jasons 2 construíram a caixa, não apenas um. Logo, isso é outra questão em princípio ignorada pela trama.
Ainda temos a parte dos pagamentos. Jason 1 e Amanda pagam hotel e comida em outros mundos, sendo que não deveriam ter dinheiro válido, tampouco cartão. No mundo futurista, por exemplo, Amanda fala em créditos após eles já terem consumido produtos. Ou seja, há uma espécie de moeda, as coisas não são grátis.
O mundo futurista, por sinal, tido como “perfeito” no enredo, parece o sonho de capitalistas. É como se fosse impossível pensar uma realidade em que a natureza e as pessoas são importantes, não apetrechos tecnológicos e prédios gigantescos.
Vários poréns a serem discutidos, mas não invalidam o fato de que a série definitivamente te fisga. Dá vontade de maratonar e, mais do que isso, saber como será a continuação.
Nota (0-10): 7
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