Não, você não está sonhando, tampouco em uma realidade paralela ou um mundo virtual (será?). Black Mirror está de volta para a sua sétima temporada e, pasmem, nos trouxe uma leva de episódios bons.
Desde que foi adquirida pela Netflix, a antologia de Charlie Brooker viveu mais de baixos do que de altos. Um bom exemplo foi a sexta temporada, que apresentou premissas em sua maioria completamente descoladas do que tornou esta atração tão especial e disruptiva.
No entanto, o público pode respirar aliviado. Agora, não há nada de sobrenatural ou empoeirado. A mistura de tecnologia e terror volta a reinar potente em um ano que aposta também muito no amor.
A leva de episódios começa com Common People, uma história excelente protagonizada por Rashida Jones e Chris O’Dowd e que é focada em uma mulher que volta do coma por meio de uma tecnologia desenvolvida por uma empresa privada que cobra mensalidades para que ela continue operacional. O marido se esforça ao máximo para juntar o dinheiro necessário e se expõe a situações degradantes. Enquanto isso, a empresa inventa novos planos premium, insere comerciais para quem pode pagar apenas o básico — qualquer semelhança com a Netflix não deve ser mera coincidência — e leva a família à ruína. É um texto comovente.
Então temos Bête Noire, um capítulo menos emocional e mais focado no aspecto fantasioso. Ele funciona, mas é aquele que deixa uma impressão sem tanto impacto e parece rocambolesco demais no fim.
Aí chega Hotel Reverie, no qual Issa Rae e Emma Corrin vivem um romance lésbico. Este episódio tem tudo para ser o novo San Junipero não apenas pelo teor queer, mas pela qualidade narrativa. A história é inventiva e levanta um ponto comum da temporada: o quanto seres artificialmente desenvolvidos têm desejos próprios e devem ser respeitados assim como seres humanos. É um tanto assustador ver o quanto a AI está cada vez mais presente em nossas vidas e ganha mais autonomia. Entretanto, não há nada de assustador com a presença de Corrin, deslumbrante em cena.
O quarto capítulo é Plaything, que assim como Bête Noire é capaz de nos entreter, mas falta uma profundida humana que o torne especial, profundida essa que podemos encontrar na história seguinte. Eulogy traz um enredo sensível e presença marcante de Paul Giamatti.
Leia a crítica de Black Mirror S6
O ano encerra com a primeira continuação de Black Mirror. Estamos falando de USS Callister: Into Infinity, uma segunda parte válida para a história iniciada em 2017. Mais uma vez entramos na questão do direito à vida a seres que existem apenas no ambiente digital. É uma discussão interessante que marca uma temporada que consegue nos lembrar o porquê de termos nos apaixonado por Black Mirror em primeiro lugar.
Nota (0-10): 8
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