Com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a extrema direita se fortaleceu no mundo. O alvo preferencial de reacionários? A população queer, em especial as pessoas trans.
Nesse contexto tão nefasto, no qual o atual ocupante da Casa Branca assina ordens executivas de retrocesso, é importante termos produções protagonizadas por pessoas trans que as tratem com dignidade.
É o caso de Clean Slate, comédia protagonizada por Laverne Cox e George Wallace e criada pelos dois com a companhia de Dan Ewen.
A intenção é boa, o momento é o certo para a sua estreia. Entretanto, não há contexto correto que encubra o fato da atração ser muito mediana em sua execução.
É possível dar algumas boas risadas. No entanto, de modo geral, o texto é morno, sem conseguir fazer rir e tampouco chorar, isso quando temos algumas pinceladas de drama.
Laverne Cox, que vive Desiree, e Wallace, que encarna Harry Slate, estão caricatos em cena. O caso de Wallace é pior, pois é quem mais peca pelo exagero.
As atuações até funcionariam se a série tivesse um ritmo mais pastelão. Não tem. O tom excessivamente sóbrio da produção contrasta demais com a entrega dos protagonistas.
Os coadjuvantes, que estão mais contidos, não ganham arcos narrativos que valham muito. Quem se destaca é a jovem atriz Norah Murphy, que lembra vagamente Abigail Breslin em Pequena Miss Sunshine.
Jay Wilkison, que vive Mack, o par romântico de Cox, tem seu charme em cena — o que torna mais triste a fala de Desiree dizendo que ele não é bom o suficiente para ela.
Vamos ser sinceros: Desiree é uma mulher trans e negra desempregada vivendo com o pai no sul dos EUA. Se a série tiver qualquer pé na realidade, não é como se ela fosse a pessoa mais cobiçada do mundo. Pelo contrário, ela é, infelizmente, alvo de muita hostilidade.
Mesmo que não fosse, é muita maldade você falar para alguém que essa pessoa não está à sua altura. Logo, é um ponto que mostra como a série consegue se perder em seu propósito de empatia e descambar para as rudezas da vida.
É uma pena, pois este é o momento ideal para termos uma produção que mostre toda a potência de pessoas trans.
Nota (0-10): 5
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