O universo épico de Duna, uma criação literária de Frank Herber, ganhou vida nova com a trilogia cinematográfica de Denis Villeneuve. Esta narrativa intergaláctica de sucesso, que está com data marcada para terminar em 2026 com o lançamento de Messiah, se expandiu também para a televisão — e esta é uma boa notícia para os fãs.
Após o êxito de The Penguin, que também orbita em um universo cinematográfico próprio — neste caso o de The Batman, de Matt Reeves —, a HBO partiu para outra história com forte apelo popular.
Dune: Phophecy, uma criação televisiva de Alison Schapker, se passa 10,148 antes do nascimento de Paul Atreides, vivido por Timothee Chalamet nos filmes, e 116 anos depois da guerra dos humanos contra máquinas inteligentes.
A história é protagonizada pela Mãe Superior Valya Harkonnen (Emily Watson), que comanda uma organização composta apenas por mulheres. Debaixo dos panos, elas influenciam a política imperial.
É um pouco frustrante ver que a série teve uma recepção morna. Muitos reclamam do ritmo, o que me parece absurdo, já que acontece muita coisa nos seis episódios; outros odeiam apenas por odiar — os “anti-woke” não suportam qualquer atração com destaque para mulheres, pessoas não brancas ou pessoas queer.
Não que a produção funcione sem atritos. Por mais que eu ame Travis Fimmel como Ragnar Lothbrok em Vikings, ele parece ter a mesma expressão um tanto de psicopata em tudo que faz. Não é o ator que eu chamaria para ser vilão desta história, até mesmo porque em determinado ponto entendemos que o personagem tem 30 anos, 15 a menos do que Fimmel, que de jeito nenhum se encaixa nessa linha do tempo.
A mistura de intrigas palacianas, fé e tecnologia nem sempre é perfeita. Neste caso, eu considero um problema que recai mais sobre o universo de Herber do que sobre a série em si. A parte das linhagens consanguíneas, por exemplo, é tão elitista. Todavia, isso é uma questão particular de alguém que está cansado das diversas desigualdades e do fanatismo religioso do dia a dia e acha essa história que se passa em um futuro distante parecida demais com a realidade que vivemos hoje. Às vezes, é difícil espairecer assistindo, ficamos nervosos ao achar que a perversidade humana será eterna.
Também gostaria de ver algum personagem queer na trama. Normalmente não peço por isso, mas neste caso, no qual temos um enredo tão além no futuro, incomoda pensar que vivências LGBTQIA+ são simplesmente inexistentes. Ainda mais quando a história é centrada em uma ordem matriarcal na qual mulheres formam laços tão fortes, seria bonito que algum desses relacionamentos fosse amoroso.
Para o bem e para o mal, o universo de Duna é pouco colorido, tem tons mais sombrios e sangrentos.
É preciso enfatizar que a série leva muito a sério a história que conta. A direção de fotografia é ótima, o uso de CGI está no nível das melhores produções, o roteiro constrói bem várias tramas e o elenco está empenhado em dar o seu melhor. Aliás, palmas para a escalação de Emma Canning e Olivia Williams como as versões mais nova e velha de Tula Harkonnen, respectivamente. As atrizes se parecem tanto, nem precisa ser dito nada para entendermos de cara que uma é a outra, passados 30 anos.
Um ponto muito positivo, em especial, é o figurino. Os véus translúcidos são de uma beleza e uma dramaticidade ímpar.
Além disso, é interessante como gostamos de acompanhar a saga das irmãs Harkonnen, mesmo que elas estejam longe de serem heroínas. Muito do que elas fazem é bem questionável. Ainda assim, a narrativa como um todo nos prende.
Vivemos numa era de anti-heróis, que são menos unidimensionais. E viveremos mais tempo, tratando-se de Valya e Tula, pois Dune: Prophecy já foi renovada para a segunda temporada.
O que tivemos até agora foi um bom avanço para um conflito mais aberto. Que tenhamos uma segunda temporada ainda melhor.
Nota (0-10): 7
Clique aqui para entrar na comunidade do Whatsapp e receber as novidades do Temporada

Deixe um comentário