Quando estreou em 2022, Pachinko instantaneamente se firmou como o que de melhor a televisão tinha para nos oferecer. Tanto assim que o Troféu Temp escolheu a série como a melhor atração daquele ano.
Dois anos depois, estamos de volta à jornada de Sunja, interpretada magistralmente por Minha Kim na versão mais jovem e Youn Yuh-jung no enredo que se passa no fim dos anos 1980.
É preciso enfatizar que a produção criada por Soo Hugh a partir do livro homônimo de Min Jin Lee não tem, em sua segunda temporada, o mesmo brilhantismo coeso do primeiro ano.
Isso ocorre porque o enredo de 1989, com foco em Solomon (Jin Ha), não tem similar apelo aos dramas vividos por seus antepassados décadas antes. Todavia, para cada cena duvidosa entre o neto de Sunja e Naomi (Anna Sawai, recém vitoriosa no Emmy por Shōgun), há muitos momentos marcantes nos anos 1940.
Após narrar a travessia da Coreia para o Japão, a série se debruça em como Sunja e sua cunhada Kyunghee (Jung Eun-chae) precisam sobreviver durante a Segunda Guerra Mundial.
É muito interessante este foco em pessoas comuns que são imensamente afetadas por conflitos que não as dizem respeito. Desde a fome e a fuga de bombardeios até o racismo latente por serem coreanos, é uma pilha de misérias que são bem trabalhadas pelo roteiro, que consegue nos arrancar lágrimas sem cair na exploração barata de tanta dor.
A história de Sunja tem um equilíbrio adequado entre sorte e infortúnio. Muita coisa dá errado, ela sofre muito, mas também é poupada em alguns momentos — como na cena em que deixa Osaka de carro enquanto muitas pessoas trilham desorientadas e clamam por ajuda.
Sua narrativa é tão potente e rica que aumenta a frustração com sua personagem ser coadjuvante de Solomon em 1989. Assim como na primeira temporada, a série se esforça em fazer paralelos entre o passado e “presente”, agora com os horrores praticados na guerra influenciando a amizade de Sunja e um japonês. Entretanto, isso é pouco. Também é pouco o espaço minúsculo dado ao Mozasu (Soji Arai) adulto.
Ainda que considere essas idas e vindas temporais no roteiro interessantes, é fato que a série tem pouco material para elaborar no fim dos anos 1980 e precisará ser mais criativa para expandir a história para além do material de origem — isso se a atração for renovada, óbvio.
A criadora da série já nos deu esperanças de que sim, bem como disse que quer fazer com que a história da Sunja jovem se encontre com a Sunja em seus últimos anos.
Que tenha sinal verde para isso, até mesmo porque poucas séries têm um esmero técnico tão grande. As atuações são robustas, inclusive das crianças. A fotografia é deslumbrante. Os cenários são de encher os olhos. Até mesmo a vinheta de abertura se encaixa perfeitamente com tudo, indo de um tom sóbrio ao festivo, fazendo uma evolução adequada para um material que muitas vezes tem cenas introdutórias melancólicas.
Pachinko é, com toda sua potência e sensibilidade, uma grande obra de arte.
Nota (0-10): 8
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