A série adolescente mais fofa e dilacerante está de volta. Heartstopper, uma criação de Alice Oseman, traz uma leva de oito novos episódios em sua terceira temporada, que continua a jornada de dor e cura de Charlie Spring (Joe Locke), Nick Nelson (Kit Connor) e seus amigos.
Não sei se a atração consegue tocar tão profundamente pessoas heterossexuais e cisgêneras, mas o seu poder é enorme com alguém queer que viveu uma jornada parecida com a de Charlie.
Oseman, neste ano, vai fundo na questão da saúde mental dos protagonistas. Diagnosticado com TOC e com anorexia, Charlie passa por momentos horríveis.
A melhor frase da temporada é dita pela tia de Nick, que afirma que jovens de 16 anos não deveriam passar por tanta pressão. É impossível não chorar, pois vemos essa cena se repetir tantas e tantas vezes. Que sociedade é essa que maltrata seus filhos e os coloca em uma posição tão nefasta que eles adoecem, chegam até a tirar a própria vida em alguns casos? O ser humano é tão adoecido, não faz sentido nenhum achar que tanto ódio e preconceito é algo normal.
Para alguém que igual ao Charlie tem TOC e já se cortou nos piores momentos, mas diferente dele não teve com quem compartilhar sua dor, a série atinge duplamente, seja pelo lembrete da dor e também da solidão.
Dói tanto porque sabemos o quão real as cenas são. Não há exageros. Pelo contrário, Oseman se esforça pra dosar momentos tristes com outros alegres. Há uma preocupação em tirar um tanto do peso das situações, dar uma suavizada sem tornar tudo superficial.
Um bom exemplo é Elle Argent (Yasmin Finney), que precisa lidar mais com o fato de ser uma menina transexual em um mundo que a hostiliza tanto sem ao menos a conhecer. Nós sabíamos que Elle havia sido vítima de transfobia na antiga escola, mas era algo apenas dito. A personagem foi um tanto blindada do ódio nas duas primeiras temporadas. Agora, neste processo de amadurecimento, ela depara com um mundo com mais obstáculos.
A palavra-chave deste ano, aliás, é amadurecimento. Os personagens começam a lidar com a questão do sexo, sempre complicada para adolescentes. Heartstopper se sai bem nesta tarefa, deixa que seus protagonistas se explorem e se amem com naturalidade.
O drama também se sai bem em lidar com tantas subtramas. Há uma quantidade grande de personagens, todos tão amáveis, como Isaac Henderson (Tobie Donovan), Tara Jones (Corinna Brown) e Darcy Olsson (Kizzy Edgell). O roteiro não esquece deles, apesar de que poderia dedicar um tantinho mais de espaço para os professores Ajayi (Fisayo Akinade) e Farouk (Nima Taleghani), por exemplo.
Leia a crítica de Heartstopper S2
A melhor parte é que Oseman avança a história sem afobação e sabendo apreciar cada pequena vitória. Agora é aguardar por mais uma temporada tão boa quanto as anteriores.
Nota (0-10): 9
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