Crítica Interview with the Vampire S2: um problema chamado sexo

Vampiros são seres que vivem nas sombras. São sedutores, pouco confiáveis, perigosos, violentos. Deveriam nos dar tesão e medo ao assistir, algo longe de ocorrer tratando-se da segunda temporada de Interview with the Vampire.

Sem rodeios, a adaptação televisiva de Rolin Jones com base na obra de Anne Rice é entediante.

Quando terminaram os oito longos episódios, a primeira pergunta que veio foi: por que não há cenas de sexo?

A produção escolheu o pior caminho possível para a série. Conforme pesquisa sobre as obras do universo sobrenatural de Rice, os vampiros simplesmente perdem a capacidade de transar após serem transformados. Mesmo se pudessem, continuariam assexuais, pois o prazer deles passa a vir do ato de beber sangue. Ou seja, o sexo entre Louis de Pointe du Lac (Jacob Anderson) e Lestat de Lioncourt (Sam Reid) ocorre quando um bebe o sangue do outro.

Para a contrariedade de alguns fãs, a atração televisiva mudou de curso e resolveu que eles, sim, fazem sexo como humanos. Até aí tudo bem, mas cadê o sexo?

Saudade do tempo que podíamos nos deliciar com o texto subversivo e sexy de True Blood. Interview with the Vampire poderia muito bem ser ousada com seus protagonistas bebendo uns aos outros. Imagine Lestat e Louis nus se beijando, tocando cada canto dos seus corpos. Mordendo com força a carne alheia. Fomos privados disso e do sexo mundano dos humanos.

Pra piorar, quem tem papel de destaque como companheiro de Louis neste ano é Armand (Assad Zaman). O casal não tem química nenhuma. Não é crível que se amem. Mesmo se fosse, é um amor insosso.

Todas as regras que não podem ser quebradas entre os vampiros comandados por Arnold são cansativas, são a antítese do que é a subversão vampiresca.

O jornalista Daniel Molloy (Eric Bogosian), que conduz a entrevista em Dubai, é outro personagem mal desenvolvido. Não sabemos muito dele para além da personalidade um tanto irritante e dos dias difíceis que teve no primeiro encontro com o casal entrevistado, nos anos 1970.

Com Lestat distante a maior parte do tempo, resta Claudia (Delainey Hayles) para nos salvar. A personagem tem uma ferocidade e uma curiosidade que a tornam interessante. Sua aproximação de Madeleine (Roxane Duran) flui, formam uma dupla que vale acompanhar.

Ainda temos Santiago (Ben Daniels), que faz as vezes de vilão. Gosto do ator e queria gostar do personagem, mas toda sua atuação é muito teatral, exagerada. Bem, de forma geral na série as atuações parecem mais ligadas ao teatro do que ao audiovisual. A direção de elenco é estranha.

O roteiro cheio de floreios é outro ponto ruim. Cansa a quantidade de frases desnecessariamente rebuscadas, ainda mais para quem não é falante nativo de inglês. Fora que muitas situações são cafonas e melodramáticas demais.

Leia a crítica de Interview with the Vampire S1

A temporada só não é uma tragédia porque os dois últimos episódios trazem a energia até então ausente. Encerramos o ano com uma nota alta. O difícil é aguentar até lá.

Nota (0-10): 5

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