Crítica Palm Royale S1: uma novela melhorada

O anúncio dos indicados ao Emmy, no dia 17 de julho, como de costume, foi um tanto previsível — a premiação é conhecida por ter dificuldade de reconhecer talentos fora de um escopo limitado de produções, que, uma vez lembradas, geralmente deixam de ter nomeações apenas quando saem do ar.

Ainda que o Temp tenha deixado de dar importância para essa e outras premiações estadunidenses, não faz mal dar uma olhada na lista de concorrentes e nas reações da imprensa, que divide seus apontamentos entre esnobados e surpresas.

De longe, o que mais chamou atenção foi a quantidade de comentários achando incompreensível as 11 indicações da comédia Palm Royale, uma criação de Abe Sylvia baseada no livro Mr. & Mrs. American Pie, de Juliet McDaniel.

Se você for levar em conta que a nota da série está na casa dos 50 tanto no Metacritic quanto Rotten Tomatoes, algo que sinaliza uma recepção mista, aumenta mais ainda a curiosidade. Afinal de contas, é uma atração tão medíocre assim?

Primeiro, é importante notar que das 11 indicações ao Emmy, apenas 3 são para a grande noite: melhor comédia, algo bem duvidoso; melhor atriz para Kristen Wiig, que está de fato ótima e merece o reconhecimento; e melhor atriz coadjuvante para Carol Burnett, que, sim, é boa, mas talvez tenha conquistado a vaga mais pelo peso do seu nome.

As demais indicações são para categorias técnicas e são todas muito merecidas. Palm Royale pode ser questionável com relação à trama, mas é inegável o esmero da produção. A abertura é charmosa, a recriação dos anos 1960 é precisa, os figurinos são deslumbrantes. A série cheira a muito dinheiro investido na produção.

Além disso, tem um elenco invejável, com nomes como Allison Janney, Laura Dern e Ricky Martin, além das já citadas Wiig e Burnett.

A fragilidade fica por conta da história mesmo, que parece uma versão mais rica das novelas brasileiras. Não digo isso completamente como um demérito, mas para leitores entenderem que o enredo rocambolesco só funcionará para quem é afeito a melodramas com reviravoltas um tanto doidas.

Se fosse só isso, tudo bem. Temos Jane The Virgin como um ótimo exemplo que usa esse drama mais latino a seu favor. Todavia, os personagens de Palm Royale pecam mais no quesito coerência.

Estamos falando de pessoas esnobes, hipócritas e mentirosas, mas poderia ter alguém menos volátil para nos apegarmos. Mesmo o grupo feminista, capitaneado pela Virginia (Amber Chardae Robinson), não se ajuda. Aliás, as críticas sociais da série são todas tão superficiais quanto seus personagens, não contam como ponto positivo.

O saldo acaba sendo uma série até agradável, mas nada revolucionária. Talvez deva investir mais no humor no segundo ano e deixar de lado a pretensão de ser mais do que uma história exagerada.

Nota (0-10): 6

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