Muita gritaria. Jornadas de trabalho exaustivas. Relações disfuncionais. Solidão.
The Bear, série — falsamente tida como comédia — criada por Christopher Storer, continua sua jornada com personagens que poderiam sair do restaurante e ir direto para a fila do CAPS.
Queridinha da crítica e do público, é fácil ver seus pontos positivos. Temos boas atuações, direção afiada, de modo geral uma produção que se leva a sério e entrega algo com qualidade visual.
Todavia, em anos anteriores já era mais do que evidente que o clima tóxico da atração mais deprimia do que entretinha, era exagerado. Em sua terceira temporada, parece que mais pessoas estão conseguindo ver que não, nada está bem.
Neste ano, com dez episódios, tudo piorou, já que basicamente os protagonistas estão presos em tramas menores quaisquer e não há o desenvolvimento de arcos narrativos robustos para ninguém.
Carmy (Jeremy Allen White) fica choramingando por Claire (Molly Gordon), que, vamos ser sinceros, nunca foi incorporada satisfatoriamente na história. Não há como torcer para esse casal.
Sydney (Ayo Edebiri) sofre calada nas mãos de um chefe instável e se arrasta daqui para ali desperdiçando o seu potencial.
Richie (Ebon Moss-Bachrach) está em banho-maria. Marcus (Lionel Boyce) ficou deslocado no seu canto. É louco pensar que chef Terry (Olivia Colman), que faz participação especial e mal aparece, consegue ter um desenvolvimento melhor da personagem.
As únicas protagonistas com espaço para brilhar um pouco foram as que ganharam episódios para chamarem de seus. Sugar (Abby Elliott), que teve um momento com Donna ( Jamie Lee Curtis) escrito para ambas concorrerem a prêmios.
E Tina (Liza Colón-Zayas), que salvou o ano com o capítulo Napkins, único interessante num amontoado exaustivo e opaco.
Se na temporada passada eu declinei em dar um veredicto para a série como um todo, chegou a hora de afirmar: Carmy, fecha o The Bear e vai buscar tratamento.
Nota (0-10): 4
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