Crítica Shōgun: produção impecável que pode desapontar

Durante diferentes períodos no passado, o Japão foi governado por xóguns, governantes militares indicados pelo imperador. Um deles, no período feudal, foi Tokugawa Ieyasu, que serviu de inspiração para o personagem Yoshii Toranaga, presente no livro Shōgun, obra de 1975 escrita por James Clavell e adaptada neste ano em minissérie homônima de Rachel Kondo e Justin Marks.

Na história, o imperador morre e deixa um único herdeiro, que é muito jovem para assumir o trono. Enquanto ganha maturidade para isso, um conselho composto de cinco membros é formado para governar no seu lugar. Toranaga (Hiroyuki Sanada) é um deles e está em atrito com outro membro, Ishido Kazunari (Takehiro Hira).

Nesse contexto difícil surge o inglês John Blackthorne (Cosmo Jarvis), que só sabe falar inglês e português e precisa se comunicar por meio da tradutora improvisada Toda Mariko (Anna Sawai), que aprendeu com os portugueses não apenas a sua língua, mas a devoção ao seu deus.

Todo esse enredo é contado com um primor técnico impecável. A fotografia é deslumbrante, a direção é precisa, os figurinos de Carlos Rosario são de cair o queixo. A textura dos quimonos é de uma riqueza que precisa ser premiada. Em entrevista, Rosario disse que foram criados cerca de 2.300 figurinos para a minissérie.

O elenco também merece ser elogiado. Sanada e Sawai precisam ser lembrados na próxima temporada de premiações, bem como muitos coadjuvantes. A única dúvida fica por conta de Jarvis, que às vezes parece meio Jack Sparrow num universo completamente tímido. Óbvio que a intenção é causar estranheza, já que o seu personagem é um forasteiro de costumes diferentes. Todavia, o resultado é um tanto estranho demais.

De modo geral, Blackthorne é o maior problema. Seu tempo de tela é desproporcional, maior do que deveria — nem vou entrar no mérito da hipocrisia que é o seu papel de inglês salvador contra os maus portugueses, como se a coroa inglesa, que ele elogia, não fosse o mesmo estrume.

Acaba que o forasteiro rouba espaço dos verdadeiros protagonistas: os japoneses. Gostaria de ter acompanhado muito mais da história de Toranaga, também de Ochiba No Kata (Fumi Nikaido), a mãe do herdeiro, figura praticamente apenas citada na trama até a reta final.

De qualquer forma, é preciso enfatizar que a atração é constantemente bem feita do começo ao fim. Um último recado: pessoas que esperam cenas grandiosas de guerra podem acabar decepcionadas. O enredo foca menos no combate e mais na estratégia.

Nota (0-10): 7

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