Crítica True Detective S4: uma boa pitada de terror, um pouco de frustração

Muitas produções televisivas se propõem a flertar com o sobrenatural. Geralmente andam em uma corda bamba no qual o intuito é alcançar a linha de chegada sem cair para nenhum dos lados, deixando o público com a constante dúvida se os fenômenos inexplicáveis são reais ou produto de uma saúde mental em declínio dos protagonistas.

A quarta temporada da antologia True Detective, agora sob o comando de Issa López, é uma dessas atrações que pretendem brincar com o lado mágico do mundo e, ao mesmo tempo, deixar sempre um pé na racionalidade. Será que conseguiu?

Durante os seis episódios, acompanhamos a jornada das policiais Liz Danvers (Jodie Foster) e Evangeline Navarro (Kali Reis). Elas trabalham na pequena cidade fictícia de Ennis, no Alaska. A história começa com o primeiro dia sem sol no Círculo Polar Ártico — a título de curiosidade, como podemos ver em algumas cenas, o fato do sol não nascer não significa que a escuridão é completa sempre, sendo que há uma claridade parcial algumas horas do dia.

O primeiro capítulo é muito bom em estabelecer o clima macabro que apenas aumentará. Uma pequena crítica é que ele não sabe lidar tão bem com as muitas informações que nos passa. Algumas subtramas poderiam ter entrado no segundo capítulo para não nos deixar meio perdidos.

No segundo episódio, somos presenteados como uma das cenas mais bizarras possíveis ao descobrirem uma pilha de corpos congelados. O pior: um deles não está morto e grita quando seu braço é partido ao meio sem querer — conforme este conteúdo do New York Times, médicos dizem que é possível recuperar um corpo parcialmente congelado por algumas horas, mas não completamente congelado.

Issa López dobra a aposta sobre nossa credulidade no capítulo seguinte. Nos seus momentos finais de vida, o tal corpo parece incorporar um espírito e dá um recado para Navarro.

Nesse momento, acrescentando ainda o quarto capítulo, que é bem assustador, ficou parecendo que López resolveu chutar o balde e mergulhar de vez no mundo sobrenatural — ou night country, tratando-se especificamente da minissérie.

Para a nossa surpresa — ou não —, nos dois últimos episódios a showrunner decide dar alguns passos para trás e volta para a corda bamba. O efeito acaba sendo o de frustração para o público, já disposto a adentrar as cavernas e viver por completo no reino do terror.

De nenhum jeito a atração é ruim como Nick Pizzolatto e alguns bundões misóginos fazem parecer. Todavia, fica a sensação agridoce de que foi criado o cenário perfeito para nos aterrorizar e a história resolveu se manter comportada demais.

Leia a crítica de True Detective S3

Ainda seria True Detective se uma horda de mortos invadisse Ennis para o desespero das protagonistas? Provavelmente não, mas eu gostaria muito de ver Navarro botando pra quebrar.

Nota (0-10): 6

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