O catálogo de boas produções televisivas de ficção científica ganhou mais um nome. Trata-se de Bodies, minissérie desenvolvida por Paul Tomalin com base na HQ homônima escrita por Si Spencer.
Quatro períodos no tempo, um mesmo corpo. Do passado ao futuro, a atração viaja entre as décadas de 1890 e 2050 para contar como os detetives Charles Whiteman (Jacob Fortune-Lloyd), Iris Maplewood (Shira Haas), Shahara Hasan (Amaka Okafor) e Alfred Hillinghead (Kyle Soller) lidam com o caso do aparecimento de um homem nu e baleado, no mesmo local em Londres.
Um homem gay, um judeu, uma muçulmana e uma mulher com deficiência física. Pessoas tratadas muitas vezes como párias na sociedade, em diferentes épocas, acabam interligadas na investigação de um crime que traz como vilão Commander Mannix / Sir Julian Harker (Stephen Graham).
Para quem amou a série Dark — igualmente da Netflix, dividida em três temporadas —, provavelmente se apaixonará por Bodies também.
Com oito adequados episódios, a produção consegue lidar bem com as diferentes tramas. Os mistérios são apresentados em momentos oportunos para fisgar o público. As respostas entram em cena também na hora exata, sem enrolação.
Além disso, com exceção de Whiteman, que não tem uma personalidade para se morrer de amores, os demais protagonistas são empáticos e conduzem bem os fios narrativos.
O que há de mais questionável fica por conta da reta final — pare a leitura aqui, caso não queira spoilers.
O roteiro não se preocupa muito em problematizar o impacto considerável que deveria ter o desaparecimento de Mannix (interpretado por Gabriel Howell na fase adolescente). O personagem mudou significantemente a sociedade desde o século 19. Será que as vidas das demais pessoas seriam tão minimamente mexidas com o seu apagamento?
Sim, a cena final com Maplewood em 2023 — e não no futuro — dá a entender que há, de fato, alguma complexidade escondida. Só que a produção foi desenvolvida como minissérie, ou seja, é o vislumbre de algo totalmente mantido fora do alcance do grande público.
Fato é que, acabando a história ali, talvez seja melhor mesmo não complicar as coisas, até mesmo porque tivemos uma resolução satisfatória. Todavia, bem que, devido ao sucesso, poderiam desenvolver um segundo ano. Seria ótimo ver como o universo tentar corrigir essa mudança e novos ou velhos desafios aparecem a partir dos desvios na linha do tempo.
De qualquer forma, com continuação ou não, Bodies vale ser vista.
Nota (0-10): 8
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