Uma celebração do povo nativo norte-americano. Reservation Dogs, criação de Sterlin Harjo e Taika Waititi, encerra seu ciclo na terceira temporada com foco na coletividade, proporcionando momentos engraçados e sensíveis.
Assim como no ano anterior, é perceptível a falta de arcos dramáticos sólidos que permeiam a temporada como um todo. Também tivemos pouco espaço para os protagonistas Elora Danan Postoak (Devery Jacobs), Bear Smallhill (D’Pharaoh Woon-A-Tai), Cheese (Lane Factor) e Willie Jack (Paulina Alexis). Entretanto, como bom texto de despedida, quero focar nos pontos positivos — e eles não foram poucos.
Após uma breve passagem por Los Angeles, Bear se perde dos demais membros do grupo no retorno para casa. Desta forma, acaba cruzando o caminho da Deer Lady (Kaniehtiio Horn) no terceiro episódio, que de tão maravilhoso já rivaliza com Long, Long Time, de The Last of Us, como melhor do ano.
Em Deer Lady, capítulo que leva o nome da figura central na ocasião, fazemos uma viagem ao passado em escolas católicas que abusavam de crianças indígenas. É cruel e dolorido. Não há como não chorar no fim. A barbárie colonial é demonstrada de forma certeira para atingir nossos corações.
Outro episódio que também soube nos sensibilizar é o sexto, Frankfurter Sandwich, no qual Cheese vai acampar com Uncle Brownie (Gary Farmer), Bucky (Wes Studi) e Big (Zahn McClarnon). Há um formidável entrelaçamento entre partes cômicas e reflexivas.
De modo geral, a série faz muito bem essa transição entre momentos dramáticos e divertidos. O roteiro pode até não estar disposto a mostrar arcos longos, mas consegue nos arrebatar com esses microcosmos tão especiais.
Nem todas as histórias são igualmente impactantes, óbvio. House Made of Bongs, focada no passado de discórdia de Fixico (Josiah Wesley Jones na versão jovem, Richard Ray Whitman na versão mais velha) e Maximus (Isaac Arellanes na versão jovem, Graham Greene na versão mais velha), acaba sendo um ponto mais morno do enredo.
Todavia, é preciso dizer que esse capítulo faz diferença para a força do oitavo, Send It, no qual os Reservations Dogs entram em missão de resgate para promover o reencontro de Fixico e Maximus, tantos anos depois de brigarem.
O generoso espaço dado aos membros mais velhos da comunidade bem mostra como a série se preocupa em reverenciar a todos. Harjo faz muitas piadas com os costumes do seu povo, mas também é perceptível o respeito que tem com os seus. Há uma mistura cativante de seres fantásticos com uma realidade dura.
Entendam: não reclamo do pouco espaço dado aos protagonistas por não gostar do resto. Pelo contrário. São tantos personagens maravilhosos que fica a sensação de que deveríamos ter mais um tempinho com aqueles pelos quais nos apaixonamos primeiro, ou seja, Elora e seu grupo.
Teoria a ser testada: talvez assistindo à série do começo ao fim em maratona — uma ideia bem plausível, já que são poucos episódios e curtos —, não fique a mesma sensação de que Willie Jack e seus amigos foram parcialmente abandonados, pois o primeiro ano, que é responsável por construir essa união, ainda está fresco em nossas memórias nas cenas finais.
Leia a crítica de Reservation Dogs S2
Antes de me despedir, gostaria de fazer menção ao romance do ano. Sim, estou falando de Big e Bev (Jana Schmieding). A energia caótica deles foi responsável pelas mais belas gargalhadas. Que seja eterno enquanto dure esse amor.
Muito obrigado, Reservation Dogs. Mvto.
Nota (0-10): 8
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