Crítica The Crowded Room: Tom Holland ganha papel para brilhar

Começa como um mistério cada vez mais absurdo. Em certo ponto, vira um drama dilacerante com mergulho nas complexidades da mente humana. Fragmentada, a trama de The Crowded Room nos traz em fases distintas o tormento de Danny Sullivan, personagem interpretado por Tom Holland, ator mundialmente conhecido por interpretar o Homem-Aranha.

A participação do astro certamente é chamariz para a minissérie criada por Akiva Goldsman com base no livro The Minds of Billy Milligan (As mentes de Billy Milligan, em tradução literal), obra de Daniel Keyes baseada em fatos reais. Grande spoiler a partir de agora: o trabalho conta a história da primeira pessoa nos Estados Unidos absolvida de seus crimes por ter sido diagnosticada com transtorno dissociativo de identidades.

Muitos dos personagens que vemos em cena são, em verdade, personalidades distintas de Danny. O grande problema da primeira metade da minissérie é que tal fato fica óbvio muito rápido, mas a atração se nega a verbalizar a verdade. Há muitos indícios desde o princípio e chegamos ao episódio London, quarto dos dez, com nitidez do que está ocorrendo.

A produção, todavia, fica dando voltas rocambolescas ao invés de chegar logo ao ponto de virada impulsionado por Rya, vivida pela excelente atriz Amanda Seyfried. Os quatro primeiros episódios deveriam ter sido dois, no máximo três. A atual estrutura pode acabar afugentando espectadores — que certamente perdem muito ao não chegar no fim da história.

O drama ganha contornos mais sólidos e dilacerantes quando entendemos a condição do protagonista, bem como o que a ocasionou. Falar sobre violência sexual de menores é algo delicado e triste. A minissérie consegue uma abordagem correta do tema. A presença de Marlin (Will Chase) é aterrorizante. A cumplicidade de Candy (Emmy Rossum), mãe de Danny, é desesperadora.

Muito é exigido de Holland na segunda metade da atração e ele entrega a carga dramática necessária para nos sensibilizar. O ator está bem ao transitar pelos maneirismos e sotaques de Yitzhak (Lior Raz) e Jack (Jason Isaacs), entre outros.

Para além da versatilidade do protagonista, também temos um roteiro ótimo ao explicar traumas e consequências. Rya nos guia com precisão e somos, assim como o júri, convencidos da gravidade da enfermidade.

O fim é agridoce — lembrem que é baseado em fatos reais. Bem verdade é que saímos tão despedaçados dessa experiência que não há mais possibilidade de vitória, mesmo se tivesse a prisão ou morte do abusador. O mal fora feito, a sociedade se omitiu e a vítima carregará a dor pelo resto da vida.

Nota (0-10): 7

Clique aqui para entrar na comunidade do Whatsapp e receber as novidades do Temporada

Avatar de Douglas Roehrs

Publicado por:

Deixe um comentário