O começo amador, o sucesso musical e o abuso de drogas. Os elementos recorrentes de bandas de rock dos anos 1970 estão presentes na trama de Daisy Jones & The Six, minissérie criada por Scott Neustadter e Michael H. Weber com base na obra literária homônima de Taylor Jenkins Reid.
A autora buscou inspiração na banda real Fleetwood Mac para criar o seu trabalho. O casal Stevie Nicks e Lindsey Buckingham serviu de modelo para os personagens Daisy Jones (Riley Keough) e Billy Dunne (Sam Claflin), respectivamente. Temos algumas outras semelhanças, como a presença de duas mulheres no grupo musical. Entretanto, de modo geral, o livro é uma obra de ficção.
Pena que essa liberdade de criação não tenha servido para mergulharem em águas mais misteriosas. Na série, até mesmo Billy, ao precisar passar pela clínica de reabilitação, sabe que está vivendo o clichê da época.
A história é, de modo geral, pedestre. Os coadjuvantes (Suki Waterhouse), Graham (Will Harrison), Eddie (Josh Whitehouse) e Warren (Sebastian Chacon) são altamente negligenciados, em especial os últimos dois. Enquanto isso, Daisy e Billy trilham um caminho previsível, com o acréscimo de que o último não desperta a nossa empatia.
O momento em que Billy abandona Camila (Camila Morrone) porque não está pronto para a paternidade é a clássica história do macho escroto. Sua esposa pelo menos consegue ter algumas nuances interessantes e fugir da total passividade. Ela e Simone (Nabiyah Be) são as duas personagens que mais agradam. Simone, por sinal, é potência pura, deveria ter uma série só dela.
Felizmente, o enredo é salvo pela ótima trilha musical. O álbum Aurora e as demais faixas foram produzidos por Blake Mills, que escreveu todas as letras sozinho ou com auxílio de um time cheio de estrelas, como Phoebe Bridgers.
Essa é a parte mais interessante da minissérie: ela é um universo que não acaba com o fim do enredo. Dá vontade de continuar escutando as músicas originais de Mills e procurar as de Fleetwood Mac. Dá vontade de saber quem serviu de inspiração para Daisy, que lembra muito a Florence Welch — uma referência atual e que faz sentido, mas as musas de Keough foram Nicks, já citada, Linda Ronstadt e Cher.
Outra curiosidade: Keough é neta de Elvis Presley. Tanto ela quanto Clafin realmente cantam na atração e isso é perceptível, nos ajuda a querer que a banda exista de verdade.
Temos uma série de coincidências e fatos que enriquecem uma produção que é, narrativamente falando, fraca. Termino com a minha música favorita: The River. As demais também estão disponíveis no Youtube.
Nota (0-10): 6
Clique aqui para entrar na comunidade do Whatsapp e receber as novidades do Temporada

Deixe um comentário