Heartstopper, comédia romântica criada e escrita por Alice Oseman com base nos quadrinhos homônimos dela, fez muito sucesso no ano passado. As pessoas se apaixonaram — com razão — por essa história tão sensível e cheia de personagens fofos. Os protagonistas Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor) são simplesmente encantadores juntos.
Ainda que irresistível, a série contava com uma trama bem simples e compacta. Isso fez criar certa curiosidade com um pouco de receio pela segunda temporada, também com oito curtos episódios.
Para a nossa alegria, Oseman soube lidar muito bem com o avanço de tramas já em andamento e a inclusão de outras. Há um equilíbrio muito agradável entre humor, amor e tensões. A produção nos faz sorrir e chorar, bem como nos entregar por completo a tantas pessoas adoráveis.
Quatro pontos são lindos em especial. O primeiro é que a criadora manteve o casal principal unido. É muito comum atrações do gênero acharem qualquer desculpa esfarrapada para separar seus amantes ao menos temporariamente. Hearstopper bem lembra que há um vasto território a ser explorado por casais já formados.
O segundo ponto é a maior participação de Isaac (Tobie Donovan). Em um mundo em que somos ensinados que você só será feliz se tiver alguém do seu lado, é importante acompanhar a jornada de alguém assexual e arromântico. A opressão que ele sente é mostrada de modo empático. Ele foi de alguém praticamente sem falas para um dos destaques.
O terceiro ponto é desenvolvimento das tramas coadjuvantes. Doeu muito ver a realidade familiar de Darcie (Kizzy Edgell), que precisará muito da sua namorada Tara (Corinna Brown) para superar seus problemas.
O professor Ajaya (Fisayo Akinade) ganhou um interesse amoroso para ele e nos deixou todos alegres. É um personagem que nos fisgou, mesmo com pouco tempo de tela.
Tao (William Gao) e Elle (Yasmin Finney) estão finalmente juntos e foi bom o desabrochar da trajetória dela enquanto aspirante a artista. Nem só de amor vive o ser humano, não é mesmo?
Leia a crítica de Heartstopper S1
As relações são complicadas e a série acerta muito, mas muito mesmo no quarto ponto: abordar a questão de saúde mental da população queer. Foi devastador quando Charlie revelou a automutilação à época em que mais sofria com o bullying. É muito difícil algum jovem LGBTQIA+ não ter passado por experiências horrorosas na adolescência e isso nos marca para sempre. Charlie e Nick ainda tiveram algum conforto em eventualmente ter um ao outro, sendo que muitas vezes todo o sofrimento é internalizado e as pessoas chegam à vida adulta sem compartilhar suas dores.
Por isso, a série não é apenas fofa ao extremo. Ela é muito importante para adolescentes que precisam ser reconfortados. Bravo.
Nota (0-10): 9
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