Crítica Jury Duty S1: o carisma de Ronald como trunfo

Imagine criar toda uma história fictícia, contratar atores profissionais, ensaiar, tudo como de costume, mas deixar o papel de protagonista para uma pessoa que não faz ideia de que está participando de uma encenação? Essa é a premissa curiosa de Jury Duty, comédia criada por Lee Eisenberg e Gene Stupnitsky.

Ronald Gladden é um morador de San Diego, na Califórnia, que respondeu a um anúncio online chamando voluntários para participarem de um julgamento supostamente real com acompanhamento documental dos bastidores. Inclusive um verdadeiro tribunal do sul de Los Angeles foi usado como locação para não despertar desconfiança.

O cenário começa a ficar estranho com a presença de James Marsden, ator que interpreta uma versão mais egocêntrica (ou não) dele mesmo. O profissional inclusive foi indicado ao Emmy de melhor ator coadjuvante pelo papel, enquanto a série concorre a melhor comédia.

Eu acho que a sua presença, ainda que possa atrair público, enfraquece a farsa. Gladden, inclusive, no terceiro dia achou que estava em um reality show por causa das loucuras criadas. Ou seja, não chegou a compreender a dimensão da mentira, mas percebia que havia algo de estranho.

Eu, particularmente, não teria sido enganado pela presença de Kirk Fox, um outro ator profissional que interpreta Pat, um dos jurados. Eu já vi Fox como coadjuvante em algumas produções recentes.

De qualquer forma, para além do debate do quanto o protagonista foi realmente tapeado ou deixou-se tapear, duas coisas são inegáveis: o carisma de Gladden, que compreensivelmente ganhou centenas de milhares de seguidores que se apaixonaram pelo seu jeito meigo; e a efetividade do roteiro, que nos faz rir diversas vezes e nos prende durante os oito episódios.

Até um humor mais básico, como Barbara (Susan Berger) constantemente dormindo durante o julgamento, surte efeito. Todas as excentricidades, como Todd (David Brown) e suas invenções e o sexo nada convencional de Noah (Mekki Leeper) e Jeannie (Edy Modica), divertem.

O último episódio, que revela toda a verdade e mostra um pouco do que foram as bastidores, ajuda a reforçar essa mística de que as coisas saíram conforme planejado. Gladden ficou U$ 100 mil mais rico e nós tivemos uma experiência que valeu a pena.

Nota (0-10): 7

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