Um assassino profissional pode deixar o mundo do crime para trás e viver feliz e em paz? Durante quatro temporadas, a série Barry acompanhou o personagem-título para nos dar uma resposta.
Em outros casos, talvez sim. Tratando-se do personagem interpreta por Bill Hader, não. O número expressivo de mortes e mentiras fez o protagonista entrar em uma espiral de problemas que só acabaram quando o inevitável o alcançou: a morte.
Até chegarmos lá, o caminho foi tortuoso. Na primeira temporada, a comédia dramática nos encantou com um texto ótimo, direção brilhante e atuações dignas de prêmios. A segunda manteve a qualidade e, inclusive, nos presenteou com o melhor episódio de 2019: ronny/lily.
Então chegou a terceira e quase tudo desandou. Barry vagava perdido entre mortes e testes de elenco. A série, assim como ele, pareceu ter esquecido o motivo de sua existência e apenas arrastava-se carregando o peso de mil corpos rumo a ninguém sabe onde, conforme escrito na crítica do Temp.
Em meio à apatia, salvaram-se Sally (Sarah Goldberg), NoHo (Anthony Carrigan) e Cristobal (Michael Irby) – em especial os dois últimos, que trouxeram gás à trama com seu romance queer.
Assim, sem grandes expectativas, chegou o quarto e último ano. Os três primeiros episódios, de fato, mantiveram o tom fúnebre e não conseguiram o fundamental: fazer com que a gente quisesse ver o capítulo seguinte.
No quarto, já no meio da temporada, tudo mudou. A atração tomou decisões ousadas e voltamos a querer saber o que viria pela frente.
A produção nunca retornou em cheio ao estilo peculiar que a fez tão especial, inclusive parece piada de mau gosto que continue competindo no gênero comédia, mas, apesar disso, é inegável que tenha proporcionado uma reta final satisfatória.
Ainda que o roteiro tenha desagradado às vezes, também teve seus pontos altos, como quando o protagonista, um foragido, comprou armamento pesado sem dificuldade alguma e quando, na cena final, vimos uma ficção dentro da ficção que era baseada na vida de Barry e reconstituía tudo errado.
Também devemos exaltar a direção, que se mostrou impecável, bem como as atuações. É um absurdo que Goldberg só tenha concorrido uma vez ao Emmy de melhor atriz coadjuvante. Espero que lembrem dela com mais carinho neste ano, bem como de Carrigan e Stephen Root, o intérprete de Fuches.
Barry foi uma daquelas séries que soube quando se despedir. Durou o suficiente para ser lembrada. Não ficou no ar a ponto de virar uma nota de rodapé do que já fora. Barry perdeu, nós ganhamos.
Nota (0-10): 7

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