Ao estrear, Somebody Somewhere logo se destacou pelo seu tom intimista, despretensioso e cativante. A comédia criada por Hannah Bos e Paul Thureen foi um dos destaques televisivos de 2022 e Bridget Everett, a protagonista, teve sua potente performance lembrada no Troféu Temp.
Agora, em sua segunda temporada com sete episódios, voltamos a esse lugar mágico perdido no meio do Kansas. Tudo parece igual, mas ao mesmo tempo diferente. Assim como Ted Lasso perdeu parcela do encanto entre o primeiro e o segundo ano, o mesmo ocorre aqui.
A sensação é de que a produção de Somebody Somewhere está consciente do status de comédia “feel good” e investiu pesado neste lado fofo, sem conseguir replicar o efeito. As constantes risadas de Sam (Everett), Joel (Jeff Hiller) e Tricia (Mary Catherine Garrison) soam muitas vezes forçadas. O público se pergunta o porquê de eles estarem rindo tanto, já que as situações nem são tão engraçadas.
Algumas até ficam, como quando os amigos Sam e Joel estão ambos sentados no vaso sanitário, cada um em sua casa, evacuando tudo após comerem algo que definitivamente não caiu bem. Só que até o momento em que engrena o humor, quando Sam não consegue colocar o telefone no mudo, toda a situação é muito artificial.
A atração não se preocupa em criar desafios para os personagens. O conflito principal da protagonista e do seu melhor amigo é bobo. A gente entende por qual motivo Joel esconde que está saindo com Brad (Tim Bagley) e a razão de Sam ficar magoada ao descobrir, mas isso não muda o fato da situação ser nada criativa ou interessante.
Para deixar bem pontuado, não espero que Sam vire uma pessoa ambiciosa que lance muitos álbuns e seja estrela pop. Entretanto, é bom ver certo crescimento pessoal. Queremos algumas pinceladas de extraordinário, não apenas o ordinário de nossas vidas.
Leia a crítica de Somebody Somewhere S1
O capítulo de encerramento, To Ed, no qual Fred (Murray Hill) se casa, pelo menos foi robusto. Deu ânimo para esperar a temporada seguinte. Além disso, Everett continua atuando de modo magistral. Uma performance que precisa ser mais celebrada.
Nota (0-10): 5

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