Crítica The Marvelous Mrs. Maisel S5: despedida bonita

Uma daquelas séries que saem de cena para entrar na história da televisão, assim podemos definir The Marvelous Mrs. Maisel, criação de Amy Sherman-Palladino. Durante cinco temporadas, a comédia nos presenteou com um roteiro sempre afiado, performances memoráveis, direção precisa, fotografia acima da média e direção de arte linda.

Em seus momentos menos inspirados, podemos falar com absoluta certeza que a produção era boa o suficiente para concorrer a todos os prêmios Emmy possíveis. E nos seus momentos mais brilhantes? Bem, eles não foram poucos e cimentaram o casal Palladino no panteão dos grandes realizadores.

É muito difícil manter a qualidade elevada durante tantos anos — Game of Thrones, por sinal, foi uma série que começou a descer a ladeira exatamente na quinta temporada. Mais difícil ainda se destacar em um universo superpovoado de produções. Comédias, em especial, estão em um momento muito potente.

A competição pode ser dura, mas Midge (Rachel Brosnahan) também é. Foi muito emocionante ver toda sua determinação e ousadia. Brosnahan, como de costume, dá um show.

O mais bonito foi ver que em uma temporada com quase tantos saltos temporais quanto Lost e com um pretendente a cada esquina, a série reservou seu desfecho para a amizade da protagonista com Susie (Alex Borstein). Foi tocante ver as duas personagens, já idosas, gritando palavrões e dando gargalhadas — não faço ideia se almas gêmeas existem, mas elas fazem crer que sim. Foi uma relação de amor e ódio que perdurou por décadas e valeu acompanhar cada segundo.

Aliás, os saltos temporais espalhados durante os nove episódios foram uma boa ideia. Ao chegarmos em Four Minutes, o capítulo final, nós não estávamos apreensivos para saber o que aconteceria. Foi possível relaxar, sentar na plateia e ver a nossa comediante favorita fazer o que ela ama.

Ao nosso lado, também como espectadores, estavam Joel (Michael Zegen), Rose (Marin Hinkle), Abe (Tony Shalhoub), Moishe (Kevin Pollak) e Shirley (Caroline Aaron), entre outros. Vale pontuar as dinâmicas incríveis dos casais Rose/Abe e Moishe/Shirley. Eles foram responsáveis pelos momentos mais doidos.

Dois únicos pontos questionáveis. Primeiro, o pouco espaço de Lenny (Luke Kirby). É uma pena que o comediante quase não apareça. Outro ponto é a trama de Zelda (Matilda Szydagis). No começo, foi engraçado ver como seus patrões não sabem esquentar água sem ela. Entretanto, ao continuarem abusando da boa vontade de Zelda, virou algo irritante. Abe e Rose funcionam bem como pessoas atrapalhadas, mas não são tão tragáveis como esnobes inúteis — bem provável que a série se importe mais com a crítica social do que com o nosso apreço pelos Weissman.

Leia a crítica de The Marvelous Mrs. Maisel S4

A atração, por sinal, fez questão de deixar bem nítido como o machismo opera. Esse certamente foi um dos seus trunfos. Um entre muitos. Maisel e todos os demais deixarão saudades.

Nota (0-10): 9

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