A série The Lord of the Rings: The Rings of Power é a série mais odiada do momento – e pelos motivos errados. Antes mesmo de estrear, causou a fúria de parcela dos fãs pelo simples fato de deixar o elenco menos branco. Aparentemente, a existência de um elfo só é válida se for um ator loiro de olhos claros.
Algum pode dizer que Tolkien, um europeu de outrora, não os criou diversos. Bem, são outros tempos, felizmente o mundo evolui, a adição da diversidade em nada prejudica a história e estamos falando de uma adaptação televisiva. Pausa dramática para ler sílaba por sílaba esta palavra: adaptação.
Com o início da exibição da produção adaptada por Patrick McKay e John D. Payne, detalhes foram usados exaustivamente como desculpa para detonar a atração como se fosse a pior de todos os tempos, o que é realmente cansativo. A internet, por vezes, parece mais um sanatório para preconceituosos do que terra da civilidade.
Passados os oito episódios da primeira temporada, podemos dar o veredicto com certeza: The Rings of Power é boa. Longe de perfeita, mas encanta com visuais deslumbrantes, efeitos especiais caprichados, alguns personagens amáveis e fio narrativo sabendo onde quer chegar.
Como já dito, tem alguns problemas. Os diálogos são cheios de floreios de revirar os olhos e parte dos personagens e suas narrativas não foram desenvolvidos de maneira satisfatória.
Ainda agora, questiono-me se Halbrand (Charlie Vickers) não poderia ter uma inserção mais coesa na trama. Quando sua verdadeira identidade é revelada, tudo passou a fazer mais sentido. Todavia, isso não muda o fato de que a sua presença sempre foi incômoda e deslocada do seu núcleo. Ele foi aceito como o rei que retornou com uma facilidade imensa. O povo que o bradou não deveria minimamente ter mais conhecimento histórico? A própria Galadriel (Morfydd Clark), teoricamente sábia, pareceu querer ser enganada.
Por falar na protagonista, Clark é uma atriz que conseguiu sustentar com bravura e leveza o peso de estar à frente da série mais cara de todos os tempos. É uma das felizes escolhas do elenco, ao lado de Markella Kavenagh como Nori Brandyfoot, Owain Arthur como príncipe Durin IV e Sophia Nomvete como princesa Disa, por exemplo.
A mistura eficaz de diferentes gêneros é outro ponto a ser comemorado. Enquanto a interação de Stranger (Daniel Weyman) e harfoots trouxe uma magia mais juvenil, a amizade de Durin e Elrond (Robert Aramayo) foi alívio cômico e os demais núcleos foram responsáveis por uma carga maior de drama e combate.
Tivemos pouca ação, de fato, mas este é mais um quesito injustamente apontado por muitos. Quem bem lembra de Game of Thrones, sabe que aquela série passou vários episódios apenas construindo os muitos conflitos e sem nada de grandioso em boa parcela dos primeiros anos. De forma inteligente, Rings of Power fez o mesmo, pena não ter um time de showrunners e roteiristas tão competente quanto a produção da HBO. E, sim, tivemos uma grande batalha já no episódio 6, Udûn, que se tornou o melhor desta temporada, por sinal.
O último capítulo, Alloyed, ainda que bem morno, conseguiu nos satisfazer com algumas respostas e fincou alicerces para um futuro promissor. Mal posso esperar pela continuação e espero que o tempo cale os raivosos.
Nota (0-10): 7

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